Reforço das renovaveis implica investimento de 2780 milhões só na Hidrica

12-01-2010 14:34

O aproveitamento energético a partir das hidroeléctricas está de volta ao topo das prioridades governamentais. Em 2020, o Governo conta alcançar os 7000 MW de capacidade instalada, atingindo um objectivo de exploração de cerca de 70 por cento do potencial hídrico nacional, o que representará um aumento de 24 pontos percentuais face ao actual aproveitamento deste potencial.

Com este reforço, que coloca no cerne as barragens de Alqueva, Bemposta, Picote, Baixo Sabor e três novas barragens, em 2010 espera-se atingir 45 por cento da electricidade a partir de energias renováveis, o equivalente a mais seis pontos percentuais do que a meta anteriormente prevista (39 por cento).

«Uma vez lançada uma grande dinâmica nas eólicas, as prioridades são doravante, mais hídrica, mais biocombustíveis e mais eficiência energética», sublinhou Manuel Pinho, ministro da Economia e da Inovação, na passada sexta-feira, na sessão de apresentação das novas metas para as renováveis que contou com a participação do ministro do Ambiente, Francisco Nunes Correia.

Para inverter a actual tendência que coloca Portugal como um dos países da UE que menos cresceu em matéria de aproveitamento do potencial hídrico nos últimos 30 anos, já em 2010 pretende-se superar os 5000 MW de potência hídrica instalada, através do reforço da potência da barragem de Alqueva em mais 240 MW, o que implica um investimento de 180 milhões de euros. Acresce ainda a antecipação dos reforços de potência das centrais de Picote e Bemposta (mais 409 MW) num investimento de 2,6 mil milhões de euros.

Em 2015, o objectivo é atingir-se os 6250 MW, «concretizando novos projectos estruturantes para o sector e para o País», entre os quais o Baixo Sabor, de acordo com o documento sobre energia e alterações climáticas, apresentado no encontro em que participaram também Carlos Pimenta, presidente da mesa da Assembleia Geral do consórcio Eólicas de Portugal, Diogo Vaz Guedes, da Somague, e Nuno Ribeiro da Silva, da Endesa Portugal. Cinco anos depois a fasquia deverá subir para os 7000 MW, o que colocará Portugal ao nível de países como a Áustria e a Suécia.

Nos biocombustíveis, foi traçada a meta de 10 por cento dos combustíveis rodoviários antecipando em dez anos o objectivo europeu e definida a necessidade de se promoverem fileiras agrícolas nacionais de suporte através da isenção do imposto sobre produtos petrolíferos para os combustíveis fósseis que assegurem a sua incorporação.

Na biomassa, apostou-se na ampliação em 100 MW do objectivo de capacidade instalada em 2010 (mais 67 por cento); no biogás, pretende-se traçar como objectivo os 100 MW de potência instalada em unidades de tratamento anaeróbico de resíduos.

Para o solar fotovoltaico, ficou a promessa de se «garantir o cumprimento efectivo das metas estabelecidas», não só através de projectos como as centrais de Moura e Serpa, mas também da ligação com as políticas e as metas de microgeração. Neste último caso, a ideia é promover-se um programa para a instalação de 50 mil sistemas até 2010, com incentivo à instalação de Água Quente Solar em casas existentes.

Na produção de energia a partir das ondas, pretende-se aumentar a capacidade instalada em 200 MW através da criação de uma zona piloto com potencial de exploração total até 250 MW de novos protótipos de desenvolvimento tecnológico industrial e pré-comercial emergentes.

Por fim, para a energia eólica, o objectivo consiste em aumentar em 1950 MW a meta de capacidade instalada em 2012 (novo total de 5100 MW com acréscimo em 600 MW por upgrade do equipamento) e promover a criação de clusters tecnológicos e de investimento associados à energia eólica.